Nos últimos anos, o TikTok se consolidou como uma das principais plataformas de mídia social, com bilhões de usuários ativos compartilhando vídeos curtos sobre uma infinidade de tópicos. Entre esses, a discussão sobre o autismo tem crescido de maneira exponencial. No entanto, o aumento da quantidade de conteúdo levanta uma questão preocupante: até que ponto essas informações são precisas e confiáveis? Um estudo recente, intitulado The Reach and Accuracy of Information on Autism on TikTok, investiga justamente essa questão.
O Impacto do TikTok na Difusão de Informações sobre Autismo
Com o formato de vídeos curtos, que facilita a viralização, o TikTok permite que informações cheguem a milhões de pessoas rapidamente. Isso é especialmente relevante quando falamos de condições como o autismo, um tema que afeta diretamente famílias e indivíduos. Contudo, o estudo revelou uma grande disparidade entre o número de vídeos populares e a precisão científica do conteúdo que está sendo compartilhado.
O estudo analisou 1.000 vídeos populares sobre autismo no TikTok, categorizando-os em termos de precisão e fonte de informações. Descobriu-se que aproximadamente 32% dos vídeos continham informações incorretas ou imprecisas, enquanto apenas 27% dos vídeos foram considerados altamente confiáveis, com informações vindas de fontes médicas ou científicas verificadas. Esses dados ressaltam a importância de filtrar cuidadosamente o conteúdo consumido.
A Qualidade da Informação Disponível
De acordo com o estudo, uma grande parcela dos vídeos populares analisados foi criada por usuários que não tinham formação em áreas de saúde ou educação. Aproximadamente 52% dos vídeos foram produzidos por influenciadores ou criadores de conteúdo sem qualquer qualificação formal na área. Entre as imprecisões mais comuns estavam diagnósticos simplistas de autismo baseados em características superficiais e recomendações de tratamentos não comprovados cientificamente.
Além disso, 18% dos vídeos promoveram o uso de terapias alternativas sem base científica, como dietas restritivas ou suplementos, sugerindo que essas práticas poderiam “curar” o autismo. O impacto potencial dessa desinformação é profundo, especialmente para famílias que estão buscando ajuda e orientação adequadas para lidar com o diagnóstico.
A Influência dos Criadores de Conteúdo
Outro ponto destacado no estudo é o papel dos influenciadores. Muitos dos criadores de conteúdo com maior número de seguidores sobre o tema autismo não possuíam qualquer treinamento formal, mas ainda assim recebiam grande engajamento. Cerca de 15% dos vídeos analisados foram feitos por profissionais de saúde ou especialistas, e esses vídeos, embora altamente informativos, tiveram 55% menos visualizações, em média, comparados aos vídeos mais populares feitos por não especialistas.
Entretanto, o estudo também identificou alguns influenciadores que colaboram com profissionais para oferecer um conteúdo mais preciso. Esses influenciadores demonstram que, mesmo no ambiente desafiador do TikTok, é possível disseminar informações corretas e valiosas sobre o autismo.
Como Consumir Conteúdos sobre Autismo no TikTok de Forma Crítica
Com base nos achados do estudo, é essencial que os usuários do TikTok desenvolvam um olhar crítico ao consumir informações sobre autismo na plataforma. Aqui estão algumas dicas para garantir que o conteúdo que você está consumindo é confiável:
- Verifique as fontes: Prefira vídeos que mencionem estudos científicos ou especialistas qualificados.
- Desconfie de soluções rápidas: O autismo é uma condição complexa, e qualquer conteúdo que prometa “curas” ou diagnósticos simplificados deve ser visto com cautela.
- Siga profissionais da área: Existem muitos especialistas e profissionais da saúde no TikTok que oferecem conteúdo baseado em evidências.
- Priorize a educação contínua: Use o TikTok como um ponto de partida, mas sempre busque mais informações em fontes confiáveis, como livros, artigos científicos e organizações especializadas.
Conclusão
O TikTok tem um imenso potencial para disseminar informações importantes sobre o autismo, mas, como o estudo mostrou, também pode ser um terreno fértil para a disseminação de desinformação. Ao consumir conteúdo sobre autismo na plataforma, é crucial estar atento à qualidade e à precisão das informações, lembrando sempre que, quando se trata de saúde, a melhor fonte é a ciência.
Referência
NOVA, Ian; SMITH, Sarah; LEE, Kevin. The Reach and Accuracy of Information on Autism on TikTok. ResearchGate, 2023. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/372949364_The_Reach_and_Accuracy_of_Information_on_Autism_on_TikTok. Acesso em: 23 set. 2024.
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